22 de setembro de 2011

SONETO SOBRE TEMA




Quando não te vejo, meu amor,

Sinto em meu corpo a tua falta.

É então que eu te desejo com ardor.

Por não te ter é que a paixão se exalta.



E me ponho a refazer, mas já em alfa,

As nossas cenas de entrega com fervor.

É só então que o coração se acalma,

Quando vejo a tua imagem em meu torpor.



Mas, se depois nos temos face à face,

Sinto a mão de Penélope soltando,

Desfazendo, ponto a ponto, nosso enlace.



E me ponho a pensar, antes que esgarce,

Que seria melhor se não te achasse,

E só assim te amasse: não te amando.

2 comentários:

rafael disse...

Esse ultimo verso é genial. A expectativa de uma rima imediata é suprida com a ideia de que há amor( só assim te ammasse:) . Logo depois o desfecho, conclui a fatalidade do argumento que ja ia se preparando, e rima com o segundo verso do primeiro terceto ( Sinto a mão de penélope soltando), lembrando-nos da forma, que estamos em um soneto. Ou seja, a conclusão imediata ilude, puxando para si a percepção da fluencia rítmica, e ao mesmo tempo abre um vacuo para a conclusão ( quem já tomou um caixote de uma onda talvez entenda melhor ), que se dá a um leitor momentaneamente desnorteado.

.parambolicalalande. disse...

demais! esse diz tudo o que eu tenho pensado nos últimos tempos!!