22 de setembro de 2011

Morte


A Morte, lentamente, se deita em meu colo,
E suga o meu seio com a ânsia de um filho.
Com delicadeza, a alimento e consolo,
E vejo os seus olhos, sem força e sem brilho.

Oh, pobre Morte sem carinho e sem ternura...
Só mesmo eu enxergo em ti tanta carência!
Só mesmo eu enxergo em ti tanta candura...
E te recebo em meus braços com clemência.

E a Vida que há em ti, a que resta, é tão cansada,
Tão frágil e fraca, franzina, tão desencantada,
Que se faz pensar, talvez , de ti, já perdida...

E tu então me invades, assim, tão alucinada,
Tão faminta, pobre, doente, e tão desesperada,
Como se eu pudesse transformar-te em Vida...

(Como se eu pudesse...!)

Rachel Ventura

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