6 de outubro de 2011

Palavra














jogada assim, no branco cru

do papel em que escrevo

sei que nada significas,

sei que nada simbolizas,

sem os olhos meus.

olhos de analisar e traduzir,

olhos de decodificar,

esses que lanço a ti.

ah, Palavra

me digas tu,

que não me podes mentir

(posto que és reflexo de mim),

me digas como irei tirar de mim

toda e qualquer significação?

me digas como e de que matéria

seria feita a minha Poesia!

se mesmo as mais ricas rimas

por si sós, a nada enfeitam.

se mesmo a mais livre métrica

é sempre presa a tantos conceitos,

amarrada sempre a cegos nós de significação.

se a mais concreta forma é pura representação...

palavra,

arrebenta as cordas que atam minhas mãos.

liberta a minha alma para o que é vazio

de entendimento e associação.

me leva a esse não-lugar, tão sombrio...

(em que trem eu devo entrar?

em que verão irei chegar?

em que estação ficou esquecida

a Poesia?...)

3 comentários:

gabriel carneiro disse...

Raquel, fico feliz que voltou a ter um blog! Adora ler suas poesias, virei aqui com frequência!

Um grande beijo,
Gabriel

.parambolicalalande. disse...

Amém.

Fernando Andrade disse...

Linda poesia! Tu exala flores
nas palavras...Pena que não possa sentir o perfume delas.

Beijos

do Fernando